Das ruas da Baixada Fluminense ao rol das grandes escolas de samba da Sapucaí. Esta é uma síntese da história da Grande Rio, representante de Duque de Caxias no carnaval carioca, que teve uma ascensão fulminante. Fruto da união de pequenas agremiações da região, a escola foi fundada em 1988 com as cores vermelho, verde e branco e, três anos depois, já desfilava no Grupo Especial.
A estréia, no entanto, não foi feliz. A Grande Rio foi a primeira a se apresentar no domingo, com o enredo "Antes, durante e depois, o despertar do homem", dos carnavalescos Wany Araújo e Fernando Lopes. Mesmo com a tarimba do intérprete Dominguinhos do Estácio, a Grande Rio amargou o último lugar, retornando para o Grupo de Acesso.
A derrota não abalou os tricolores de Caxias que, em 1993, voltaram à elite do carnaval com um ótimo samba, sobre a Lua - tema defendido também pela forte Estácio de Sá, que lutava pelo bicampeonato. A escola foi uma das surpresas daquele ano e garantiu sua permanência no Grupo Especial, de onde não saiu mais.
Em 1994, a Grande Rio apresentou o polêmico enredo "Os santos que a África não viu", sobre o sincretismo religioso no Brasil. Representantes da Igreja Católica chegaram a vistoriar a escola após a denúncia de que haveria no desfile imagens de santos, mas nada foi encontrado. O samba, de Helinho 107, Rocco Filho, Roxidiê e Mais Velho, saiu da Avenida como um dos mais elogiados.
A tradição de boas composições se manteve nos anos seguintes. Em 1996, por exemplo, a comunidade caxiense ficou tão satisfeita com o samba escolhido que o adotou como uma espécie de "esquenta", sempre entoado antes dos seus desfiles para animar as arquibancadas. É mais um refrão conhecido do público: "Imponho sou Grande Rio, amor / Dando um banho de cultura, eu vou / Pro abraço da galera, me leva / Lindo como o pôr-do-sol eu sou".
O caminho da Grande Rio estava nas estrelas. Isso porque a escola passou a ser conhecida como a favorita dos artistas da TV. Muitos deles são fidelíssimos e não largam por nada a tricolor. É o caso dos atores Raul Gazolla e Hugo Gross. Os dois desfilaram, por exemplo, vestidos de guerrilheiros no abre-alas de 1997, quando a escola homenageou Luis Carlos Prestes, num desfile com a assinatura de Max Lopes. O "mago das cores", como o carnavalesco é conhecido, realizou outros três carnavais na escola.
Em 2001, uma virada: assumia o mestre Joãosinho Trinta. No primeiro ano, um elemento-surpresa no desfile sobre o profeta Gentileza fez a Grande Rio ser aplaudida de ponta a ponta na Sapucaí. É que a diretoria contratou da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, um astronauta que sobrevoou a Sapucaí, do setor 1 ao 13, para delírio do público.
Dois anos depois, a escola esteve, pela primeira vez, entre as campeãs: foi a terceira colocada. Ainda com Joãosinho Trinta à frente dos trabalhos no barracão, a Grande Rio não teve sorte no ano seguinte: o enredo sobre a camisinha enfrentou problemas na Justiça e o carnavalesco foi demitido antes mesmo de serem divulgadas as notas, que deixaram a escola em 10º lugar.
Em 2005, a tricolor deu a volta por cima e conquistou, novamente, a medalha de bronze, com o enredo "Alimentar o corpo e a alma faz bem". No ano passado, só não fisgou o título por causa de dois décimos perdidos no atraso na dispersão e, em 2007, quase chegou lá com um desfile em homenagem ao povo caxiense.