Cada ponta da estrela da Mocidade, símbolo da verde-e-branca de Padre Miguel, conta uma fase de sua história. Originária de um time de futebol, a escola foi fundada em 1955 e, dois anos depois, já fazia história com a célebre paradinha do Mestre André, uma novidade nos cadenciados desfiles da época.
Mas não é só do baticumbum que se faz uma escola de samba. E, na década de 70, a Mocidade mostrou que, além da impecável regência, sabia fazer carnaval. Com o requinte de Arlindo Rodrigues, a escola trouxe carnavais memoráveis como "A festa do Divino" (1974), "Mãe Meninha do Gantois" (1976) e "Descobrimento do Brasil" (1979), seu primeiro campeonato.
A década de 80 marca mais uma fase da Mocidade. A escola deixa o barroco de lado e aposta em enredos mais contemporâneos, com crítica, irreverência e muito bom humor. O responsável? O saudoso Fernando Pinto, carnavalesco já campeão pelo Império Serrano. A ousadia deu certo: a Mocidade brindou o público com desfiles memoráveis como "Mamãe eu quero Manaus" (1984), "Tupinicópolis" (1987) e, claro, "Ziriguidum 2001" (1985), o segundo campeonato da escola.
Fernando Pinto morreu em 1988 e legou à verde-e-branca um estilo único de fazer carnaval. E, para continuar trilhando seu caminho de sucesso, a escola recorreu ao trabalho dos carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabelo. Foi uma virada! Em 1990, a Mocidade se volta ao passado para contar sua história e saiu campeã da Avenida, agora assumindo um estilo high-tech que marcaria mais uma fase da escola.
Desde então, foram 13 anos de Renato Lage e outros dois campeonatos ("Chuê, chuá", em 1991; e "Criador e criatura", em 1996). Em 2003, mais uma aposta: um enredo sobre doação de órgãos. Era a Mocidade engajada numa campanha politicamente correta. O carnavalesco Chico Spinoza deu o seu recado e colocou a escola entre as cinco primeiras daquele ano. O mote social inspirou o carnaval do ano seguinte, sobre a educação no trânsito, porém sem o mesmo sucesso: a Mocidade ficou em oitavo lugar.
A última ponta dessa estrela revela uma escola que quer promover um reencontro - com sua história, com sua comunidade e com o público. Em 2006, ano de seu cinqüentenário, a Mocidade trouxe para a Avenida o enredo "A vida que pedi a Deus", do carnavalesco Mauro Quintaes. Não se saiu bem e amargou o 10º lugar. Ano passado, mais uma vez, a estrela de Padre Miguel não teve sorte e ficou na berlinda para não cair com o 11º lugar no desfile sobre o artesanato brasileiro.