A bola era a principal estrela do Porto da Pedra Futebol Clube, time de futebol que tinha o mesmo nome de um bairro localizado em São Gonçalo, município da Região Metropolitana do Rio. Mas em 1978, um grupo de moradores resolveu abandonar os gramados e seguir em direção ao mundo do samba, fundando assim o Bloco Carnavalesco Unidos do Porto da Pedra.
O começo foi nos desfiles oficiais de São Gonçalo. A Porto da Pedra foi um sucesso na cidade: revezava-se sempre entre o primeiro e o segundo lugares. Em 1981, o então bloco se transformou em escola de samba, que, quatro anos depois, optou por se apresentar apenas para a comunidade, nas ruas do seu bairro de origem.
Na década de 90, a Porto da Pedra inaugurou sua quadra coberta e descobriu no tigre a figura que passaria a ostentar em seu pavilhão. A boa estrutura da escola fez com que os dirigentes do Grupo de Acesso convidassem a vermelho-e-branco para desfilar, em 1995, no palco principal do samba: a Marquês de Sapucaí.
A escola foi a primeira a se apresentar e, de cara, surpreendeu com o enredo "Campo, cidade, em busca da felicidade", do carnavalesco Mauro Quintaes. Saiu da Avenida campeã, conquistando o direito de desfilar no tão sonhado Grupo Especial. E não fez feio! Na sua estréia entre as grandes, ficou em nono lugar, desbancando nomes como Estácio de Sá, Grande Rio e a vizinha Viradouro, de Niterói.
Em 1997, mais uma surpresa: a Porto da Pedra apresentou um enredo sobre a loucura e foi muito aplaudida, obtendo a quinta colocação, à frente até da campeoníssima Imperatriz Leopoldinense. Logo em seguida, levou polêmica ao abordar o mundo dos ladrões e não teve sorte: foi rebaixada para o Grupo de Acesso.
Foram alguns anos de sobe-e-desce até se firmar de vez no Grupo Especial, em 2002. Três anos depois, pediu as bênçãos da madrinha União da Ilha do Governador para reeditar um samba muito popular: "Festa profana". A Avenida vibrou com a alegria da escola, que fez um dos seus melhores desfiles, ao som dos famosos versos "Eu vou tomar um porre de felicidade, vou sacudir, eu vou zoar toda a cidade".
Ano passado, a escola realizou o seu enredo mais engajado: a história recente da África do Sul em "Preto e branco a cores", do carnavalesco Milton Cunha. O Tigre encontrou o "Leão enjaulado", como é conhecido lá o ex-presidente Nelson Mandela, para contar as glórias e agruras de um povo que clama pela liberdade. A Porto da Pedra ficou em 10º lugar.