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Escola de Samba São Clemente

São Clemente

Amarelo e preto, juntos, combinados em uma só bandeira, pode soar discrepante para alguns. Mas, no carnaval carioca, essas são as cores que representam a São Clemente, escola da Zona Sul do Rio de Janeiro, com importante contribuição para os desfiles e que este ano retorna ao Grupo Especial.

Sua fundação foi em 25 de outubro de 1961, em Botafogo, por iniciativa do carioca Ivo da Rocha Gomes, que reuniu os amigos do tradicional futebol para uma batucada em frente à Vila Gauí, na rua homônima do bairro. Do baticumbum de companheiros da "pelada" nascia a São Clemente, primeiramente nas cores azul e branco.

No começo, como outras escolas, os desfiles da São Clemente eram realizados pelas ruas de Botafogo, sobretudo na orla privilegiada, que tem o Pão de Açúcar como pano de fundo. Não deu outra: um dos mais importantes símbolos do Rio de Janeiro passou a aparecer também na bandeira da escola. A São Clemente levou essa brincadeira tão a sério que, seis anos após sua fundação, chegou ao primeiro grupo do carnaval carioca.

Nesse primeiro desfile no grupo principal do carnaval, a São Clemente amargou o último lugar, com o enredo "Festas e tradições populares do Brasil". Mas o amor pelo pavilhão falava mais alto. Mais do que uma escola, a São Clemente era uma família, e os componentes faziam de tudo um pouco por lá. O fundador, Ivo Gomes, por exemplo, acumulou por mais de uma década as funções de presidente, diretor de bateria, compositor e carnavalesco. O atual presidente, Renato Gomes, filho de Seu Ivo, já foi ritmista e membro da comissão de frente.

Tanto esforço levou a escola novamente para o Grupo Especial, em meados da década de 1980, agora sob o comando dos carnavalescos Carlinhos Andrade e Roberto Costa. Para a reestréia na elite do carnaval, em 1985, a São Clemente desafiou o modelo de sucesso de algumas escolas. Em vez de desfiles grandiosos, amparados em altas cifras, a escola apostou no filão da crítica e da irreverência para se apresentar ao público.

A amarela-e-preta cantou na Marquês de Sapucaí o enredo "Quem casa quer casa", pondo o dedo em uma das feridas da sociedade brasileira: o problema da habitação. Mesmo com o penúltimo lugar, a escola adotou essa postura nos anos seguintes e realizou desfiles memoráveis, como "Capitães do asfalto", em 1987, sobre o drama dos meninos de rua. O samba, cantado por Izaías de Paula, tem passagens tristes, mas tocantes: "Seu moço dê-me um trocado / Eu quero comer um pão / Sou menor abandonado / Nesse mundo de ilusão".

Em 1990, veio a glória: um inédito sexto lugar ao questionar o modo de se fazer carnaval. Com o enredo "E o samba sambou...", a São Clemente falou sobre cartolas do samba, passe de puxadores, efeitos hollywoodianos nas alegorias e a vaidade dos carnavalescos. Enfim, uma crítica ao modelo vigente dos desfiles, que fez as arquibancadas evocarem os carnavais de outrora cantando o refrão: "Que saudade / Da Praça Onze e dos grandes carnavais / Antigo reduto de bambas / Onde todos curtiam o verdadeiro samba".

Desde então, foram momentos de altos e baixos, alternando-se entre o Grupo de Acesso e o Grupo Especial. De lá para cá, foram quatro passagens no desfile principal (1995, 1999, 2002 e 2004). Nesta última, a São Clemente encontrou no carnavalesco Milton Cunha a inspiração ideal para retomar o espírito crítico - desta vez, sob a forma do deboche e do escracho. Com "Boi voador sobre o Recife: cordel da galhofa nacional", a escola, no entanto, não sucumbiu à disputa décimo a décimo com a Caprichosos de Pilares para se manter na elite do samba.

Mesmo com a frustração de ser, mais uma vez, a lanterninha do grupo, a escola comemorou um legado que perdura até hoje: a presença de Milton Cunha na concepção dos desfiles. Em 2005, ele ainda continuou como carnavalesco; em 2007, foi consultor do enredo campeão do Grupo de Acesso A; e agora, em 2008, é o autor da homenagem ao bicentenário da chegada da Família Real ao Brasil.

O tom crítico pode até ser deixado de lado no enredo "O clemente Dom João VI no Rio: a redescoberta do Brasil...", que vai louvar os grandes feitos do imperador português em sua temporada nos trópicos cariocas, há 200 anos. Mas a alegria é promessa certa dos torcedores clementianos para abrir bem o desfile de domingo (3/2) e, quem sabe, manter uma história de sucesso no Grupo Especial.






 
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