Terceira escola de samba mais antiga do Rio de Janeiro, a Unidos da Tijuca foi fundada em 31 de dezembro de 1931, no Morro do Borel. Seus componentes eram, na maioria, operários que trabalhavam em fábricas instaladas nas redondezas da Tijuca, um bairro, na época, marcado pela prosperidade econômica, onde morava parte da aristocracia carioca.
A escola foi campeã pela primeira - e única - vez em 1936, com o enredo "Sonhos delirantes", deixando para trás co-irmãs pioneiras na história do samba, como Mangueira e Portela. Mas, nos anos seguintes, a Tijuca enfrentou dificuldades para se manter entre as grandes. Chegou a ficar de fora do desfile principal por duas décadas, entre 1960 e 1980.
Foi em 1980 que a escola levou para a Avenida o clássico "Delmiro Gouveia", do carnavalesco Renato Lage, que, pela primeira vez, assinava sozinho um carnaval. O desfile deu à Tijuca o direito de figurar novamente entre as grandes. Em 1981, a azul-e-ouro fez sua reestréia no então Grupo 1-A (como era chamado o Grupo Especial da época) com mais um samba marcante. "Macobeba: o que dá pra rir dá pra chorar". Ficou em nono lugar e voltou a brigar para não cair, mas não conseguiu evitar outros dois rebaixamentos.
Em 1988, a Tijuca retornou ao grupo principal e, desde então, pontuou seus desfiles com uma de suas principais características: a influência portuguesa na formação da escola, que é a única representante da comunidade lusitana no carnaval carioca. Seus enredos destacavam a relação entre Brasil e Portugal, como o de 1989 ("De Portugal à Bienal no país do carnaval") e 1990 ("E o Borel descobriu, navegar é preciso").
Um desses desfiles pró-Portugal não teve sorte: foi o de 1998, quando a Tijuca homenageou o navegante português Vasco da Gama e o time de futebol cruzmaltino, que, na ocasião, comemorava o seu centenário. Mesmo com beleza e originalidade - marca do falecido carnavalesco Oswaldo Jardim -, a escola não empolgou os jurados, que a deixaram em penúltimo lugar.
Mais uma vez, a Tijuca voltou ao Grupo de Acesso. Mas não foi nada que abalasse sua comunidade que, aguerrida, desfilou com força no ano seguinte, cantando um dos mais belos sambas da década de 90: "O dono da terra" ("Pedras preciosas quero me enfeitar, encantar a índia com o meu olhar, só Tupã sabia que eu não podia me apaixonar"). Destaque para o carro do tatu, todo pintado com lama do próprio Morro do Borel.
A Tijuca sagrou-se campeã por unanimidade, garantindo vaga no desfile principal em 2000, ano em que todas as escolas de samba homenagearam os 500 anos do Brasil. Um prato cheio para a azul-e-ouro, que se inspirou nas suas raízes portuguesas para recontar a chegada de Pedro Álvares Cabral em terras brasileiras. Conquistou o quinto lugar - fato inédito para uma escola que subiu do Acesso para o Grupo Especial.
Em 2004, um basta nos enredos históricos. A aposta foi mais ousada: falar de ciência na Sapucaí. A responsabilidade ficou a cargo do então pouco conhecido Paulo Barros, um carnavalesco que fez sucesso em escolas menores pelo seu estilo de fazer carnaval: em vez de plumas, garrafas pet; latas de tinta e panelas no lugar do isopor; e muita coreografia nos carros alegóricos. Mesmo com o samba torcendo para ver realizado o sonho de ser campeã do carnaval, a Tijuca era carta descartada do baralho das cotadas para levar o primeiro lugar - isso até o desfile começar, quando a escola surpreendeu o público e conquistou o vice-campeonato.
Uma imagem ficou imortalizada: a alegoria viva do DNA, com integrantes desenvolvendo uma coreografia ousada, com um efeito visual belíssimo. A fórmula de sucesso foi repetida no ano passado, e a escola, novamente, ficou em segundo lugar. Paulo Barros consagrou a teatralização como a grande tendência do carnaval atual e fez a Tijuca superar as expectativas do desfile anterior. Em 2006, apesar da grande expectativa, a escola ficou em sexto lugar.
Ano passado, a família tijucana saiu bem na foto. O enredo "De lambida em lambida, a Tijuca dá um click na Avenida", dos carnavalescos Lane Santana e Luiz Carlos Bruno, sobre a fotografia, rendeu o quarto lugar ao Morro do Borel.