São mais de 15 anos no Grupo Especial, mas a Viradouro tem história para contar. Fundada em 1948, em Niterói, a escola, por muitos anos, foi referência nos antigos desfiles realizados na cidade, onde conquistou muitos títulos. Só para ter um exemplo, em 16 anos (entre 1947 e 1963), foram nada menos que 10 campeonatos por lá.
A primeira vez que a escola desfilou no Rio de Janeiro foi em 1964, no celeiro da Praça Onze. Mas dois anos depois voltou à sua terra natal. Lá, teve mais sucesso: foi campeã por mais oito vezes, numa eterna - e saudosa - rivalidade com a co-irmã Cubango, com quem, volta e meia, alternava as vitórias.
A vontade de crescer era tanta que, em 1986, a Viradouro topou o desafio de romper suas fronteiras e desfilar novamente em terras cariocas. Em 1991, a vermelha-e-branca fazia sua estréia entre as grandes. Com a experiência do carnavalesco Max Lopes, a escola prestou uma bonita homenagem à atriz Dercy Gonçalves e conquistou um surpreendente sétimo lugar, ficando na frente de escolas como Vila Isabel e Mangueira.
A Viradouro queria mais e, no ano seguinte, apostou todas as fichas num enredo sobre o mundo cigano. Quando entrou na Avenida, não havia dúvidas: era uma das mais luxuosas daquele desfile. A magia da sorte, infelizmente, não estava a seu favor: um incêndio em uma alegoria fez com que a escola perdesse 13 pontos por atraso.
Mas o acidente não abalou a escola que, em 1994, levou para a Marquês de Sapucaí o talento de Joãosinho Trinta, recém-afastado da Beija-Flor. O carnavalesco abusou do luxo, sua marca registrada, e ajudou a escola a figurar pela primeira vez entre as campeãs do Grupo Especial. Foi um terceiro lugar comemorado como uma verdadeira vitória pela comunidade niteroiense.
O título mesmo não tardou a vir. Em 1997, a escola levantou a arquibancada com o enredo "Trevas! Luz! A explosão do universo", também sob a batuta de Joãosinho. Desta vez, o luxo deu lugar à criatividade - e também algumas ousadias que conquistaram o público e os jurados, como o abre-alas todo em preto e a paradinha funk da bateria comandada por Mestre Jorjão.
Joãosinho Trinta deixou a escola em 2000, e a Viradouro abriu espaço para novos estilos. Roberto Szanieck (atual-Grande Rio), Chico Spinoza (atual-Caprichosos) e Mauro Quintaes (hoje na Mocidade) também passaram pela escola que, desde seu campeonato, marcou presença no Sábado das Campeãs. Em 2005, no entanto, ela esteve de fora dessa festa, após ficar em oitavo lugar. Mas nada que abale sua força já consolidada no Grupo Especial - e, claro, no carnaval carioca. Tanto que, no ano passado, foi a terceira colocada, com o enredo "Arquitetando folias".
Em 2007, Niterói apostou todas as fichas no talento do carnavalesco Paulo Barros, ex-Tijuca, com o enredo "A Viradouro vira o jogo". A escola conseguiu um feito inédito: levou a bateria de Mestre Ciça em cima de um carro alegórico, um grande tabuleiro de xadrez. Tanta ousadia, no entanto, não deu o segundo campeonato à vermelha-e-branca: a Viradouro ficou em quinto lugar.